segunda-feira, 15 de março de 2021

 MÚSICA: O DIA EM QUE A TERRA PAROU - RAUL 

Essa noite eu tive um sonho de sonhador

Maluco que sou, eu sonhei

Com o dia em que a Terra parou
com o dia em que a Terra parou

Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa               
                                          

Como que se fosse combinado em todo o planeta

Naquele dia, ninguém saiu de casa, ninguém ninguém
O empregado não saiu pro seu trabalho
Pois sabia que o patrão também não tava lá
Dona de casa não saiu pra comprar pão
Pois sabia que o padeiro também não tava lá
E o guarda não saiu para prender
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
e o ladrão não saiu para roubar
Pois sabia que não ia ter onde gastar

No dia em que a Terra parou (Êêê)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou

E nas Igrejas nem um sino a badalar
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
E os fiéis não saíram pra rezar
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar
Pois sabia o professor também não tava lá
E o professor não saiu pra lecionar
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar

No dia em que a Terra parou (Ôôôô)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Uuu)
No dia em que a Terra parou

O comandante não saiu para o quartel
Pois sabia que o soldado também não tava lá
E o soldado não saiu pra ir pra guerra
Pois sabia que o inimigo também não tava lá
E o paciente não saiu pra se tratar
Pois sabia que o doutor também não tava lá
E o doutor não saiu pra medicar
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar

No dia em que a Terra parou (Oh Yeeeah)
No dia em que a Terra parou (Foi tudo)
No dia em que a Terra parou (Ôôôô)
No dia em que a Terra parou

Essa noite eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, acordei

No dia em que a Terra parou (Oh Yeeeah)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Eu acordei)
No dia em que a Terra parou (Acordei)
No dia em que a Terra parou (Justamente)
No dia em que a Terra parou (Eu não sonhei acordado)
No dia em que a Terra parou (Êêêêêêêêê...)
No dia em que a Terra parou 

(No dia em que a terra parou)
                                                     Compositor: Raul Seixas E Claudio Roberto

 Entendendo a canção:

01 – O que o autor da canção quis dizer ao escrever “a Terra parou”?

      Resposta possível: que as pessoas resolveram que, naquele dia, não sairiam de casa.

 02 – Você acha que em nossa sociedade as pessoas dependem uma das outras? De que forma?

      Sim, cada um tem uma função da qual dependem outras pessoas, direta ou indiretamente.

 03 – Leia de novo a letra da música e tente achar nela exemplos dessas relações.

      Empregado – patrão; dona de casa – padeiro; doente – médico, etc.

 04 – Analisando a canção, é possível perceber que a Terra em si não parou de verdade. Quando o autor se refere à parada da Terra, está querendo dizer o quê?

      Que o espaço geográfico é que parou, pois não havia ação humana para habitar, produzir, estudar e transformar esse espaço.

 

POEMA: AMOR OCULTO - ROSEANA MURRAY

        https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images? q=tbn:ANd9GcSt_BWz7ZWvOe1sItSXA-J3j3txJptk891qkQ&usqp=CAU

Na multidão busco meu amor                            

ainda anônimo

seu rosto que não conheço

entre tantos rostos

a voz que acenderá estrelas

e que ainda é uma voz qualquer

busco meu amor oculto

como em segredo entre as folhagens

e meu coração dispara

a cada indício do seu rastro

busco meu amor como a chave

de um castelo

esquecida há milênios

em algum lugar obscuro

do mundo

busco meu amor desconhecido

como quem busca algodão

num campo imenso

para se forrar por dentro.

                 Fruta no ponto, Roseana Murray

Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.198/199.

Para ler, pensar e opinar

 1)   Alguém está buscando o amor. Todos buscam o amor. Esse amor já é conhecido? Justifique sua resposta.

Não. Ele está anônimo ainda.

 2)   O amor é capaz de acender estrelas? Por quê?

É uma forma de poesia pura dizer isso?

Sim. Ver estrelas, quando se ama, é dizer da beleza do sentimento em linguagem poética.

 3)”...busco meu amor como a chave

     de um castelo

     esquecida há milênios...”

     A comparação é poética? Por quê?

 Sim. Buscar uma chave esquecida há tanto tempo é algo forte, como o amor da personagem.

 4)”...busco meu amor desconhecido

   como quem busca algodão

   num campo imenso

   para se forrar por dentro.”

- O algodão lembra lã, calor, aconchego gostoso? E o amor?

  O mesmo.

 - O algodão para forrar-se (esquentar a alma). O amor também dá calor humano à alma? Por quê?

Sim. Porque dá sentido à vida.

domingo, 28 de fevereiro de 2021

A Crônica Literária


LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA 

A Crônica Literária. 

Você costuma ler esse gênero textual?

    Você sabia que a crônica é um texto curto e leve, escrito com o objetivo de divertir o leitor e/ou levá-lo a refletir crítica ou filosoficamente sobre a vida e os comportamentos humanos? É geralmente breve, que apresenta a visão pessoal do cronista sobre um fato colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano. Sua linguagem é simples e direta, próxima do leitor.

    Na verdade, a crônica é um gênero híbrido, ou seja, uma mistura de texto jornalístico e literário. Ela pode ser escrita tanto para ser publicada num jornal e revista, quanto para ser publicada em um livro (antologia de crônicas).

    As crônicas variam muito de assuntos, porém o autor sempre mostra o seu ponto de vista a respeito do cotidiano, ou ainda reflete sobre acontecimentos esportivos, políticos, artísticos etc.

    Nesse gênero textual, em termos de linguagem, temos indícios de informalidade na escolha de palavras e expressões e a combinação de elementos literários (linguagem figurada) com elementos da linguagem jornalística (clareza nas informações), além de ser um texto curto e sempre escrito em prosa, caracterizando- se pela fusão de narrativa com a exposição de ideias e opiniões.

    O Pré-Modernismo teve importantes cronistas, cujas obras documentavam a modernização do país, bem como a sua diversidade cultural. Lima Barreto foi um desses cronistas que analisou as diversas faces do Brasil de sua época.

Leia a crônica abaixo:

O "MUAMBEIRO"

Quando saio de casa e vou à esquina da Estrada Real de Santa Cruz, esperar o bonde, vejo bem a miséria que vai por este Rio de Janeiro. Moro há mais de 10 anos naquelas paragens e não sei por que os humildes e os pobres têm-me na conta de pessoa importante, poderosa, capaz de arranjar empregos e solver dificuldades.

Pergunta-me um se deve assentar praça na Brigada, pois há oito meses não trabalha no seu ofício de carpinteiro; pergunta-me outro se deve votar no Sr. Fulano; e, às vezes mesmo, consultam-me sobre casos embaraçosos. Houve um matador de porcos que pediu a minha opinião sobre este caso curioso: se devia aceitar dez mil-réis para matar o cevado do capitão M., o que lhe dava trabalho por três dias, com a salga e o fabrico de linguiças; ou se devia comprar o canastra por cinquenta mil-réis e revendê-lo aos quilos pela redondeza. Eu, que nunca fui versado em coisas de matadouro, olhei os Órgãos ainda fumarentos nestas manhãs de cerração e pensei que o meu destino era ser vigário de uma pequena freguesia. Ultimamente, na esquina, veio ao meu encontro um homem com quem conversei alguns minutos. Ele me contou a sua desdita com todo o vagar de popular. Era operário não sei de que ofício; ficara sem emprego, mas, como tinha um pequeno sítio lá para as bandas do Timbó e algumas economias, não se atrapalhou em começo. As economias foram-se, mas ficou-lhe o sítio, com as suas laranjeiras, com as suas tangerineiras, as suas bananeiras, árvore de futuro com a qual o Sr. Cincinato Braga, depois de salvar o café, vai salvar o Brasil. Notem bem: depois. Este ano foi particularmente abundante em laranjas e o nosso homem teve a feliz ideia de vendê-las. Vendo, porém, que os compradores na porta não lhe davam o preço Devido, tratou de valorizar o produto, mas sem empréstimo a 30%. Comprou um cesto, encheu-o de laranjas e saiu a gritar:

- Vai laranja boa! Uma a vintém!

    Foi feliz e pelo caminho apurou uns dois mil-réis. Quando, porém, chegou a Todos os Santos, saiu-lhe ao encontro a lei, na pessoa de um guarda municipal:

- Que dê a licença?

- Que licença?

- Já sei, intimou o guarda. Você é "muambeiro". Vamos para a Agência.

Tomaram-lhe o cesto, as laranjas, o dinheiro e, a muito custo, deixaram-no com a roupa do corpo. Eis aí como se protege a pomicultura.

Careta, 7-8-1915. Lima Barreto, Marginália. p. 36-37. Disponível em: http://livros.universia.com.br.

VOCABULÁRIO

Estrada Real de Santa Cruz - foi o local de uma estrade de ferro e de uma próspera fazenda fundada pelos padres jesuítas nos arredores da cidade do Rio de Janeiro. Sua sede e núcleo principal correspondem hoje ao Bairro carioca de Santa Cruz.

Órgãos – Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis.

Paragens – região das cercanias do lugar onde está.

Canastra – parte posterior do corpo.

Desdita – má sorte. 

Timbó – rio que corta os bairros de Cavalcanti, Tomás Coelho, Engenho da Rainha, Inhaúma e Higienópolis.

Todos os Santos - pequeno bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, sendo cortado pela Estrada de Ferro Central do Brasil.

Pomicultura – cultura de árvores frutíferas.

Agora, você vai analisar a crônica “O muambeiro”, resolvendo os exercícios abaixo.

    Como você observou, a crônica é um gênero textual no qual se apresentam fatos do cotidiano. Há a presença de poucos personagens, linguagem geralmente informal, direta, simples e, em alguns casos, poética.

1. Explique por que o texto “O muambeiro” pode ser considerado uma crônica.

Resposta comentada: O texto pode ser considerado uma crônica porque se baseia em um fato do cotidiano, é simples e narrado num curto espaço de tempo e de espaço.

2. O assunto tratado no texto recria a realidade? Porquê?

Resposta comentada: Sim. A crônica gira em torno de uma situação cotidiana que pode acontecer com qualquer leitor. O cronista conta o fato e mostra ao leitor as suas impressões em relação ao mesmo.

3. Muitas crônicas contam uma história, um fato. Isso permite identificar alguns elementos de uma narrativa.  Qual o espaço onde se passa a crônica? E qual é o período?

Resposta comentada: A crônica se passa no bairro onde mora o cronista (“Quando saio de casa e vou à esquina da Estrada Real de Santa Cruz.…”). Nota-se que a ação se passa em poucas horas do dia.

4. A crônica é um gênero textual vinculado a uma experiência do cotidiano. O fato narrado pelo cronista seria real ou fictício? Justifique.

Resposta comentada: A crônica trata de um fato real do cotidiano, tentando destacar alguma situação da condição humana, no caso, a situação em que passou um desempregado.

5. O humor é uma característica bem presente nas crônicas. Isso faz com que as mesmas tratem de temas do cotidiano, com um ponto de vista crítico, mas sem perder a leveza daquilo que é narrado. A crônica em análise apresenta traços do humor? Justifique.

Resposta comentada: Sim. Os fatos narrados pelo cronista levam a um efeito humorístico. Logo no início o autor apresenta esse efeito do humor ao dizer “não sei por que os humildes e os pobres têm-me na conta de pessoa importante, poderosa, capaz de arranjar empregos e solver dificuldades”.

6. A crônica, em geral, termina com uma reflexão expressa pelo cronista. Explique a reflexão do cronista ao dizer “Eis aí como se protege a pomicultura”.

Resposta comentada: Na verdade, o autor ironicamente critica a atitude do guarda municipal em prender um desempregado, que estava tentando sobreviver com o que possuía, não sabendo nem mesmo o que era licença e, ainda, foi chamado de muambeiro.

EXERCÍCIOS PARA AVALIAÇÕES/// ENEM

Observe a crônica abaixo:

A nuvem

    Fico admirado como é que você, morando nesta cidade, consegue escrever uma semana inteira sem reclamar, sem protestar, sem espinafrar! E meu amigo falou da água, telefone, Light em geral, carne, batata, transporte, custo de vida, buracos na rua etc. etc. etc. Meu amigo está, como dizem as pessoas exageradas, grávido de razões. Mas que posso fazer? Até que tenho reclamado muito isto e aquilo. Mas se eu for ficar rezingando todo dia, estou roubado: quem é que vai aguentar me ler? Acho que o leitor gosta de ver suas queixas no jornal, mas em termos.

    Além disso, a verdade não está apenas nos buracos das ruas e outras mazelas. Não é verdade que as amendoeiras neste inverno deram um show luxuoso de folhas vermelhas voando no ar? E ficaria demasiado feio eu confessar que há uma jovem gostando de mim? Ah, bem sei que esses encantamentos de moça por um senhor maduro duram pouco. São caprichos de certa fase. Mas que importa? Esse carinho me faz bem; eu o recebo terna e gravemente; sem melancolia, porque sem ilusão. Ele se irá como veio, leve nuvem solta na brisa, que se tinge um instante de púrpura sobre as cinzas de meu crepúsculo. E olhem só que tipo de frase estou escrevendo! Tome tenência, velho Braga. Deixe a nuvem, olhe para o chão - e seus tradicionais buracos.

Fonte: BRAGA, RUBEM. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 1960. CRÔNICA

    Com base no texto acima, responda às seguintes questões.

1. É correto afirmar que, a partir da crítica que o amigo lhe dirige, o narrador cronista:

a) Sente-se obrigado a escrever sobre assuntos exigidos pelo público

b) Reflete sobre a oposição entre literatura e realidade

c) Reflete sobre diversos aspectos da realidade e sua representação na literatura

d) Defende a posição de que a literatura não deve ocupar-se com problemas sociais

e) Sente que deve mudar seus temas, pois sua escrita não está acompanhando os novos tempos

2. Em “E olhem só que tipo de frase estou escrevendo! (...)”, o sinal de pontuação utilizado serviu para indicar:

a) uma admiração

b) uma pausa

c) uma indagação

d) uma continuação

3. De acordo com o texto, qual a explicação que o cronista deu por ter deixado de reclamar?

a) Por ele estar doente

b) Por estar estudando outras coisas

c) Porque se continuasse reclamando ninguém aguentaria ler mais suas crônicas

d) Porque suas crônicas não estavam sendo publicadas

4. No trecho “... eu o recebo terna e gravemente; sem melancolia, porque sem ilusão.”, o termo sublinhado se refere:

a) ao transporte

b) ao telefone

c) ao custo de vida

d) ao carinho

5. Segundo o texto, o que o autor quis dizer quando mencionou o termo “grávido de razões”:

a) Não tinha razão

b) Estava cheio de razões

c) Suas razões não eram boas

d) A razão não era suficiente

                                                                                       Bons estudos!!

Créditos: SEEDUC - RJ